13.3.05

O ano aquático veio pela janela (ou dos modos de morrer)

Desde tempos imemoriais labaredas dançam. Um verso como "a labareda dançante", me faz pensar em tapetes “Welcome”; mas se alguém te aponta uma labareda e diz que ela dança, ela dança, e oras. Qual ritmo eu não sei. Comparando com algum diferencial qualquer, o twist é uma manifestação recente, o que, é claro, não exclui a possibilidade da labareda dançá-lo. Já que antes de alguma coisa sempre temos que revolver à anterior, vou estar enviando um questionário viável pra vocês: e se o fogo veio antes da música? ou se a música é de antes do fogo? ou se os dois são de juntos? Pensemos nos atabaques em rituais com sangue sangue muito sangue por somente um segundo.

O tradicionalíssimo agrupamento tribal dos óóaai foi recentemente estudado nesta particularidade. Após exaustivo levantamento, os antropólogos responsáveis conseguiram estabelecer uma imagem padrão em seus cânticos: a oposição entre a água e o fogo. Apesar da amostragem, os pesquisadores não conseguiram responder se a música é anterior ou não a antítese estabelecida.

Borges e Sabato são de opinião que melhor seria queimar ariscamente os livros fracassados do que abandoná-los a lenta putrefação da água da lagoa, como fez Güiraldes com seu “El cencerro de cristal”. O que eles não dizem são as palmas para o admirável autor que, visto o que fez com seus livros, entendia pacas de imagens não convencionais.
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Quem não se lembrará da célebre vizinha louca? Transcrevo J.H., o pai, em carta pública: “Hoje, fazia alguns meses em que tudo estava aparentemente muito tranqüilo. Talvez porque agora a paineira está novamente florida e as flores caem, "sujando" o chão, hoje à tarde, 12 de março, essa senhora molhou o meu telhado com um esguicho. Como o escritório da minha mulher, que também é professora universitária, estava com as janelas abertas, a água molhou livros, papéis, móveis, fotos e objetos, além de inundar o chão. Tivemos sorte, pois o computador não foi atingido nem houve nenhum curto-circuito que pudesse ser causa de incêndio.”

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Carlos Drummond de Andrade, poeta mineiro do século XX, concedeu-nos em coletiva a seguinte opinião:

“Pois eterno é o amor que une e separa, e eterno o fim
(já começara, antes de ser), e somos eternos,
frágeis, nebulosos, tartamudos, frustrados: eternos.
E o esquecimento ainda é memória, e lagoas de sono
selam em seu negrume o que amamos e fomos um dia,
ou nunca fomos, e contudo arde em nós
à maneira da chama que dorme em paus de lenha jogados no galpão.”

1 O mundo em ti:

Blogger Sérgio said...

Não dê ouvidos a esse terrorista. O diálogo ainda é a melhor solução.

Saudações

1:07 PM  

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