13.9.05

Migrem

Saindo do modo hibernação, um novo blog apresenta-se: http://cubodenoite.blogspot.com

14.8.05

com caco de telha com caco de vidro

Eu não sei se o búfalo morre de velinho olhando a cerca ou se escava um túnel pelo meio dela. De qualquer forma, parece que se tiver, o happy-hour será regado a cocktails molotov.

6.8.05

what’s the difference if I say: I’ll go away?

Intervalo II

Dai-me um dia branco, um mar de beladona
Um movimento
Inteiro, unido, adormecido
Como um só momento.

Eu quero caminhar como quem dorme
Entre países sem nome que flutuam.

Imagens tão mudas
Que ao olhá-las me pareça
Que fechei os olhos.

Um dia em que se possa não saber.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

5.8.05

why can’t we be ourselves like we were yesterday?

É. Queriam o single de 8 days a week, mas disseram que está em falta desde 1980 e cacetada. Era mesmo tudo o que eu queria, mas como é peça de colecionador e eu não queria dar a conhecer o fetiche, fingia que nem via. Mas quero, sabe, com encarte completo, lindinho, mas agora lá emoldurado, agora não dá, "está até pendurado, moça". Eu bem que tentei, mas era a estação da estiagem dos sentidos e umas marionetes estridentes, cheias de vocabulários no infinitivo me confundiram. Mas não tem como não se enternecer, parada no corredor vejo que lá está, reluzindo. E I hear them say: hey you've got to hide your love away. Fiquei espantada: isso lá é coisa de paranóico, não é não? Pensei em consultar um especialista, mas duvido que algum precise o quanto tempo agüenta o prego? Fui logo no mais sábio entre os sábios doutores: "Às vezes não sara nunca. Às vezes sara amanhã". Eu o ouvi com atenção novamente, duplicando, mas mesmo assim, não adiantou ele foi incapaz de coagular o tal álbum pra mim.
Mais sábias foram as recomendadas caminhadas, afinal, o ano é sem dúvida dos dias azuis e o céu traça o itinerário, mesmo que nem sempre tenha escala em Pasárgada: atrás dos meus próprios passos, sucessivamente: agora é agora, e agora? Agora eu era um louco a perguntar: o que é que a vida vai fazer de mim?

whisper words of wisdom

O rabo de uma lagartixa é como o contínuo do sempre o um, que se ela perde, outro o um vem. É também porque eles não se mantém enfileirados com número de série que se mostra difícil calcular a média precisa de rabos perdidos ao longo de uma vida de lagartixa, afinal, a freqüência é irremediavelmente imprecisa, dada a imprevisibilidade de um Jesus Delivery, -24h- de sopetão.
Ah, há sem dúvida uma espécie de osga que choraria se pudesse a cada dilacerada. E já que se preocupam mais com o que os faz crescer do que com o que os corta, os rabos crescem enquanto as osgas dormem. Por isso que é possível afirmar que há sempre uma osga triste no mundo, ou é alguém que se diverte na noite escassa, por que não?

25.7.05

botar fogo em tudo, inclusive em mim

Por afrontamento do desejo insisto na maldade de escrever. Que nem malabarista nasci, podia pelo menos ser distraída já que estou nessa (digamos) queda por um abismo.

Mentira. Isso é coisa de gente lamentosa. Eu sou é triste e no rastro da tristeza chego a crueldade. Desta crueldade intensa que te toma as duas mãos. Como todos... human kind etc etc.
***

É uma lanchonete. Na TV em diagonal salta a vulgaridade do acaso: é a novela das 8h, um casal medonho vestido à la caribesca canta Guantanamera. Só pra fechar o dia dos compassos datilografados na rua, pela versão em repeat, só que Compay Segundo, gracias. Já dizia meu comparsa em Q.Borba: "Mas a vida, meu rico senhor, compõe-se rigorosamente de quatro ou cinco situações, que as circunstâncias variam e multiplicam aos olhos." Falando em olhos, os meus tão acostumados a não ver, pararam de voltear-sem e fixaram o calendário da Casa de Carnes, tentando rondar em vermelho, a minha lacuna que não pára de preencher o vazio de mais uma espera.

***
Queria te dar, pouco a pouco, tudo o que me crava a tua incerteza. Não seria osso, talvez não tivesse a tal profundeza.

17.7.05

os caminhos conduzem ao princípio do drama e da flora

Go, go, go, said the bird: human kind
Cannot bear very much reality.

(T.S. Eliot)

14.7.05

i don´t know why you say goodbye, i say hello

Talvez eu volte, um dia eu volto, quem sabe? Apesar de que agosto não tem carnaval e se não tem volta também não tem fim. Se ao menos soubesse celebrar, se eu pudesse divinizar a ausência, a distância: clareza é uma coisa em que se crê? Now I find I’ve changed my mind and opened up the doors, não feche, help me, get my feet back on the ground. Mamãe bem que me avisou, só confie em constelar, estrelinha, lagartixa.

Respiro. É a lucidez chegando? 'não se entregue', ela me diz. E quando me diz 'desista', penso contra o que voltar tudo isso que acaba por se acumular em fúria? Outro bem em comum, pois é, há tantos peixinhos a nadar no mar como? já vai? eu? vou, e vendada.

12.7.05

oh lord, don´t let them drop that atomic bomb on me

ah, meu amado amigo, pois é, i´m alive vivo muito vivo. e vê se pára de berrar esse seu
'descortina! descortina, já!'. arranca mas de-va-gar-zi-nho, que esse babado em crochê saiu de moda quando vieram as listras! pensei num'lizard', estou generosa, não? mas você viu, né, era só um cabo negro desencapado saindo por uma sub-espécie de uma genérica tampa de esgoto.
***

Se un coup de dés jamais n'abolira le hasard, invisto em gerenciamentos de riscos, e é 1 e é 2 e é 1 2 3 4. agora eu vou dormir, de novo. só faço isso desde ontem de manhã. fica direitinho, justinho (cf.justiça) e abole, lança:

Old stone to new building, old timber to new fires,
Old fires to ashes, and ashes to the earth
Which is already flesh, fur and faeces,
Bone of man and beast, cornstalk and leaf.

10.7.05

alegrias, tristezas e brinco

Go, go, go, said the bird: human kind
Cannot bear very much reality.

(T.S. Eliot)