25.5.05

te apresento a mulher mais discreta do mundo: essa que não tem nenhum segredo

Confissão

Não amei bastante meu semelhante,
Não catei o verme nem curei a sarna.
Só proferi algumas palavras,
melodiosas, tarde, ao voltar da festa.

Dei sem dar e beijei sem beijo.
(Cego é talvez quem esconde os olhos
embaixo do catre.) E na meia-luz
tesouros fanam-se, os mais excelentes.

Do que restou, como compor um homem
e tudo que ele implica de suave,
de concordâncias vegetais, murmúrios
de riso, entrega, amor e piedade?

Não amei bastante sequer a mim mesmo,
contudo próximo. Não amei ninguém.
Salvo aquele pássaro -vinha azul e doido-
que se esfacelou na asa do avião.

(Drummond; pro Márcio, que é gentil também porque se lembra de mim. Ele me despregou e orgulhou quando me disse que a minha humanidade é anacrônica. E me dá uma sensação de duvidosa felicidade: por que só da tristeza eu duvidaria?)

1 O mundo em ti:

Blogger Unknown said...

mia fiona...
O importante esmo é meter...
dá para mim?!

12:49 AM  

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