25.6.05

Psicanálise me dá um calor: reloaded

Diz se Álvaro de Campos não era uma histérica:
"A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas,
E ir a ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos"
***

ah tá. deseja.
***

Coisas bonitas de morder ou coisas de morder bonitas? se eu parei de fumar e não saí da fase oral? na falta disso e daquilo, minhas mãos com dentadas.
***

(Gosto de posts como todos, perecíveis.)

24.6.05

não sou nem virgem nem padre para brincar de vida interior.
(S, Jean-Paul.)

20.6.05

a palavra da especialista

Uma vez eu disse que o shuffle foi a maior invenção do século XX. Mas que fique claro que não recomendo-o aos domingos. Ainda mais se a primeira coisa que você gostou gostar na vida foi de Caetano Veloso e quando descobriu o Mp3, já era, se meteu a colecionadora.
Desde então, carrego várias escoriações audivitas. Acontece vez ou outra de cair no último disco dele, daí parece que minha sala foi invadida por uma rancorosa freira aposentada gemendo feelings, nothing more than feelings. É absolutamente assustador.
E hoje que hoje o shuffle me atacou saindo do banho? Sabem a década de 80? apavorante?Cuidado! meus Irmãos, nunca se aproximem de Outras palavras. Está nele a Verdura (haha!), música do poema cometido (cit.) pelo Leminski:

de repente me lembro do verde
da cor verde
a mais verde que existe
a cor mais alegre
a cor mais triste
o verde que vestes
o verde que vestiste
o dia em que eu te vi
o dia em que me viste
de repente
vendi meus filhos
pra uma família americana
eles têm carro
eles têm grana
eles têm casa
a grama é bacana
só assim eles podem voltar
e pegar um sol em copacabana

19.6.05

suspiros poéticos e saudades (+1999)

É domingo e hoje não é o carteiro que passa. Li Ana C. e (porqueserá?) me lembrei que tenho um blogue. Me arrasto, dramatizo, vou corromper um diário. Fiquei assim para me acostumar com as lacunas. E o ritmo dela me detona, so easy, mas sincopado: como chamam mesmo as divisões do coração? Penso em ventríloquo. Palavras semelhantes são diversão garantida, já diria a turma de 1950.
***
Desde que ele (não vou contar não não) me disse que acha "Alanis do caralho" (estávamos em o-de-lay, ok) eu Head Over Feet uma vez por semana. É claro que, além de circuladas no calendário, essas vezes por mês estão no meu direito, não só pelas saudades dos meus 15 anos não. É que rock´n roll é fundamental, e assim, lixão. Rock and roll ié yeah ié porque não é a adolescência voltando não, é nossa adolescência contínua, é juventude. Ai ai meu frescor, viu.

diariamente morte

Me diz Clarice, ao pé do ouvido:

Mas há vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.

10.6.05

Um boi vê os homens

Tão delicados (mais que um arbusto) e correm
e correm de um para outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente, falta-lhes
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,
até sinistros. Coitados, dir-se-ia não escutam
nem o canto do ar nem os segredos do feno,
como também parecem não enxergar o que é visível
e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes
e no rasto da tristeza chegam à crueldade.
Toda a expressão deles mora nos olhos - e perde-se
a um simples baixar de cílios, a uma sombra.
Nada nos pêlos, nos extremos de inconcebível fragilidade,
e como neles há pouca montanha,
e que secura e que reentrâncias e que
impossibilidade de se organizarem em formas calmas,
permanentes, necessárias. Têm, talvez,
certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem
perdoar a agitação incômoda e o translúcido
vazio interior que os torna tão pobres e carecidos
de emitir sons absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme
(que sabemos nós?), sons que se despedaçam e tombam no campo
como pedras aflitas e queimam a erva e a água,
e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade.

8.6.05

meditações psicanalíticas

"Nos últimos tempos eu tenho visto a vida com mais clareza, consigo separar o preto do cinza e do branco também. Tenho sonhos estranhos, é certo, arremessos de pingüins, luvas de pontas coloridas pra jogar xadrez, licores de ametista para cura de mal-de-estranho... mas o que é que são meia-dúzia de sonhos mais imaginativos em comparação ao meu pensamento agora incisivo, justo e lúcido? É, minha cara, isso aí, está tomando as rédeas da situação, né? É está claro: meu Igo sem dúvida está mandando no meu Ed. É. É."

1.6.05

que el mundo fue y será una porquería ya lo sé...

...que descrença e desgraça são fun-da-men-tais...