14.8.05

com caco de telha com caco de vidro

Eu não sei se o búfalo morre de velinho olhando a cerca ou se escava um túnel pelo meio dela. De qualquer forma, parece que se tiver, o happy-hour será regado a cocktails molotov.

6.8.05

what’s the difference if I say: I’ll go away?

Intervalo II

Dai-me um dia branco, um mar de beladona
Um movimento
Inteiro, unido, adormecido
Como um só momento.

Eu quero caminhar como quem dorme
Entre países sem nome que flutuam.

Imagens tão mudas
Que ao olhá-las me pareça
Que fechei os olhos.

Um dia em que se possa não saber.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

5.8.05

why can’t we be ourselves like we were yesterday?

É. Queriam o single de 8 days a week, mas disseram que está em falta desde 1980 e cacetada. Era mesmo tudo o que eu queria, mas como é peça de colecionador e eu não queria dar a conhecer o fetiche, fingia que nem via. Mas quero, sabe, com encarte completo, lindinho, mas agora lá emoldurado, agora não dá, "está até pendurado, moça". Eu bem que tentei, mas era a estação da estiagem dos sentidos e umas marionetes estridentes, cheias de vocabulários no infinitivo me confundiram. Mas não tem como não se enternecer, parada no corredor vejo que lá está, reluzindo. E I hear them say: hey you've got to hide your love away. Fiquei espantada: isso lá é coisa de paranóico, não é não? Pensei em consultar um especialista, mas duvido que algum precise o quanto tempo agüenta o prego? Fui logo no mais sábio entre os sábios doutores: "Às vezes não sara nunca. Às vezes sara amanhã". Eu o ouvi com atenção novamente, duplicando, mas mesmo assim, não adiantou ele foi incapaz de coagular o tal álbum pra mim.
Mais sábias foram as recomendadas caminhadas, afinal, o ano é sem dúvida dos dias azuis e o céu traça o itinerário, mesmo que nem sempre tenha escala em Pasárgada: atrás dos meus próprios passos, sucessivamente: agora é agora, e agora? Agora eu era um louco a perguntar: o que é que a vida vai fazer de mim?

whisper words of wisdom

O rabo de uma lagartixa é como o contínuo do sempre o um, que se ela perde, outro o um vem. É também porque eles não se mantém enfileirados com número de série que se mostra difícil calcular a média precisa de rabos perdidos ao longo de uma vida de lagartixa, afinal, a freqüência é irremediavelmente imprecisa, dada a imprevisibilidade de um Jesus Delivery, -24h- de sopetão.
Ah, há sem dúvida uma espécie de osga que choraria se pudesse a cada dilacerada. E já que se preocupam mais com o que os faz crescer do que com o que os corta, os rabos crescem enquanto as osgas dormem. Por isso que é possível afirmar que há sempre uma osga triste no mundo, ou é alguém que se diverte na noite escassa, por que não?